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GUERRA AOS GIBIS


Faz tempo que revista em quadrinho é chamada de gibi no Brasil, o termo provavelmente veio da revista Gibi Trissemanal, lançada em 21 de abril de 1939 por Roberto Marinho. Inicialmente o termo gibi tinha conotação negativa; dizia-se que induzia seus leitores ao crime. Ao pé da letra, o título "gibi" significava "negrinho", tanto que no alto da capa da revista vinha sempre um menino negro com a mão levantada pronunciando a palavra pelé (será que veio daí o nome do jagodor de futebol?)A cruzada contra os quadrinhos começou dos anos de 1930 na Itália, quando Benito Mussolini baniu a publicação importada dos EUA. Os quadrinhos, diziam "desnacionalizavam" as crianças e incuntiam nelas "uma cultura alienígena". Essa mesma visão chegou no Brasil através dos padres que começaram a escrever artigos contra os quadrinhos. O Ministério da Educação e Cultura dizia também que essas histórias prejudicavam o rendimento escolar. Depois o psiquiatra americano Frederic Wertham alardeou que os quadrinhos de crime e terror induziam os leitores a violação da lei, a prostituição e ao homossexualismo. Mesmo em meio a tanta polêmica, a revista continuava vendendo tanto que, em abril de 1940, o Gibi Trimestral foi transformado em Gibi Mensal. Logo surgiram álbuns especiais com histórias completas e a Coleção Gibi. Depois da Segunda Guerra Mundial, o confronto entre editoras de jornais colocou os quadrinhos como alvo preferencial dos inimigos do Roberto Marinho, como por exemplo Orlando Dantas, do Diário de Notícias, Carlos Lacerda, da Tribuna de Imprensa e Samuel Wainer, de Última Hora, eles fizeram uma campanha para responsabilizar Marinho do aumento da criminalidade infanto-juvenil no Brasil. Em 1964, alguns projetos de lei tramitaram no Congresso Nacional. O tempo passou e o mercado de quadrinhos entrou em declínio e a conotação pejorativa dessas publicações acabou se afastando da palavra gibi. Foi justamente na década de 60 que a palavra gibi virou sinônimo apenas de uma simples e divertida revista para todas as idades.
Fonte: Revista História da Biblioteca Nacional, ano 5, número 55, abril de 2010. Gonçalo Júnior,autor do livro: A guerra dos gibis(Companhia das Letras, 2004)

Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. O interessante das histórias em quadrinhos é que elas condizem muito com a realidade politica da época em que foram criadas. Na década de 30 e 40, a ítalia de mussolini e e a Alemanha de Hitler baniram de seus países os quadrinhos dos EUA por conta dos mesmos fazerem histórias de super-heróis onde os inimigos eram nazistas ou fascistas. as HQ's americanas são famosas por criarem heróis que defendem ideais americanos, como o capitão america ( que tem uma revista onde dá um soco na cara de Hitler), e o homem-de-ferro que foi criado para combater o comunismo e defender os principios capitalistas.Assim como as histórias do Quarteto Fantástico, Hulk e x-men que foram criadas no periodo da guerra fria.

    vale ressaltar ainda que os x-men foram criados no periodo de segregação racial nos EUA, o que explica muito a criatividade na criação de personagens com poderes e que são vistos como aberrações pelo restante da sociedade.

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